Errais

- Quem sois vós minha dama?
Perguntava ele entre risos.
- Sou aquela que vos ama.
Dizia ela sem sorrisos.

- Sendo assim vos pergunto eu
Que vontade vos empurra?
- Certamente que o sei meu.
Responde ela casmurra.

- Tanta certeza minha senhora
Não estareis equivocada?
- Pois que não meu amor
Sou mesmo eu a tua amada.

- Mau! Que raio de ego.
Então dizeis que não sei ver?
- Digo apenas que estais cego
Ainda que aches tudo saber.



- Ignoro do que falais
Com essa confiança.
Mas já que agora não vos calais
Mostrai-me donde vem essa cagança.

- Pois que sei que não sentis
O que verdadeiramente vos assola
Calais, vocifrais consentis
Mas sabeis que o meu amor não é esmola

Saber-vos-ás meu quando o inverno da vida chegar
Quando o brilho ofuscante do verão passar
Quando a carne e o sangue e o calor não bastar
Ainda que tenhais tudo aquilo em que podeis pensar

Mas a mim por quem agora sentis desprezo
Nem fúria nem fogo nem estrondo nem medo
Nada! Vos digo nada! Me fará voltar
Ainda que vos saiba orgulhoso, carinhoso e ansioso por me amar.

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